Escola brasileira busca ser a primeira do país a obter a certificação “Overseas Training” da China, abrindo um novo mercado de exportação de serviços de instrução aérea com uso de aeronaves nacionais.
A SAFE Escola de Aviação anuncia um marco para a aviação civil brasileira: a assinatura de um contrato com uma empresa chinesa para trazer estudantes da China para realizarem sua formação de pilotos no Brasil. A iniciativa, que conta com o apoio institucional da ANAC (Agência Nacional de Aviação Civil) para o alinhamento regulatório, visa colocar o Brasil no seleto grupo de países certificados pelo programa “Overseas Training” da autoridade chinesa.
Atualmente, existem apenas 19 escolas homologadas ao redor do mundo para este tipo de treinamento. A SAFE é a primeira escola brasileira a buscar esta certificação, o que pode transformar o Brasil em um novo polo global de formação de pilotos.
“Quando fomos procurados pela SAFE imediatamente vimos o potencial e buscamos nossos contatos para estabelecer a melhor linha de raciocínio para emitir essas licenças globais e dedicamos nosso time para ajudar a costurar o acordo“, disse o Deputy Head of Civil Aviation Personnel Department, Elder Soares Rodrigues.

Atratividade Econômica e Qualidade Técnica
A escolha do Brasil como destino de treinamento é impulsionada por dois fatores principais: a excelência reconhecida dos pilotos brasileiros e o cenário cambial. Com a desvalorização do Real frente ao Dólar e outras moedas fortes, o Brasil se torna extremamente competitivo, oferecendo um custo de formação significativamente menor do que concorrentes tradicionais (como EUA ou Austrália), mantendo, contudo, um padrão de qualidade superior.
“O Brasil já é reconhecido mundialmente pela qualidade de sua mão de obra, sendo o primeiro lugar onde empresas estrangeiras buscam contratações. Agora, unimos essa reputação à competitividade econômica para atrair o mercado chinês”, afirma o Captain Ramos, SAFE Founder and CEO.
O projeto eleva a barra do ensino aeronáutico no país. Uma das exigências da certificação chinesa é que todo o treinamento, teórico e prático, seja ministrado 100% em inglês. Isso gera um ciclo virtuoso:
- Capacita os alunos chineses para o mercado global e para a crescente presença da aviação chinesa no mundo.
- Eleva o nível técnico dos instrutores brasileiros, fomentando a proficiência no idioma inglês na formação básica nacional.
Apoio Regulatório e Próximos Passos
“Buscamos dar todo o apoio institucional internacional da anac para facilitar as negociações e promover esse acordo internacional“, disse Diego José Pereira da Silva, Deputy Head of International Affairs Office.
A previsão é que a primeira turma de cadetes chineses desembarque no Brasil já em 2026. Para viabilizar a operação completa, a SAFE trabalha em conjunto com a ANAC e a autoridade de aviação civil chinesa (CAAC) para a assinatura de um MOU (Memorando de Entendimento).
O objetivo deste acordo é garantir a convalidação automática das licenças: ao se formar no Brasil, o piloto terá sua habilitação reconhecida imediatamente na China, sem burocracias adicionais.
“A SAFE está abrindo as portas, mas a iniciativa será válida para qualquer escola certificada na parte 141 no Brasil que queira se enquadrar nos padrões exigidos“, afirma o Deputy Director-President of ANAC, Luiz Ricardo de Souza Nascimento.
Frota Brasileira em Destaque
Um diferencial estratégico (“a cereja do bolo”) deste contrato é a valorização da indústria nacional. Toda a formação será realizada em aeronaves brasileiras. A SAFE destaca-se hoje como a maior operadora deste tipo de aeronave no país, tanto em quantidade de frota quanto em utilização, provando a robustez e confiabilidade da tecnologia aeronáutica do Brasil para o treinamento primário e avançado.

