CRM na Aviação: O Desafio Humano Além do Cockpit
[vc_row][vc_column][vc_column_text] O comportamento humano é um tema que sempre desperta meu interesse, motivo pelo qual me formei em psicologia, mas ao acrescentar um componente como a aviação, o assunto se torna mais complexo e merecedor de especial atenção. A aviação não permite erros, então o famoso ditado popular “Errar é humano” não combina muito bem com esse modal, mas ao pensar em toda a logística que vai do pré-voo até o pouso em si, estaremos considerando uma gama de seres humanos que necessitam se relacionar com foco na segurança. Mas vamos fazer uma matemática básica: se o ser humano é complexo, como trabalhar com uma soma deles em prol de um voo seguro?
O treinamento de CRM surgiu com o objetivo de mostrar a importância de comportamentos maduros, conscientes e responsáveis, que exigem atenção não só com os acontecimentos ao seu redor, mas também um policiamento sobre suas próprias atitudes, sua comunicação e a forma como estão interagindo com todos os envolvidos na operação. Costumo iniciar o treinamento pedindo que todos reflitam sobre pequenos lembretes que podem fazer toda a diferença:
[vc_row][vc_column][vc_column_text]Lá em cima não tem acostamento”, e é a mais pura realidade; portanto, todo cuidado é pouco.“O seu maior equipamento de segurança está a alguns centímetros da sua cabeça”. Portanto, seja sempre o comandante do seu cérebro consciente, que é quem toma as decisões.
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O CRM – Fatores Humanos é um curso comportamental. Portanto, trabalhar comportamentos individuais conscientizando mudanças necessárias, refazendo conceitos em desarmonia com a equipe e, finalmente, despertar o interesse em observar o outro e a si mesmo, além da empresa, é um grande sonho de qualquer segmento que tenha seres humanos interagindo, ou seja, pense em um desejo da humanidade.
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A maior dificuldade diz respeito a uma luta quase insana de todos para resgatar a atenção, mostrando que muitas vezes as mesmas queixas tão inflamadas nas aulas também podem estar sendo observadas em nossas atitudes… e lá vai a complexidade por aí afora. O CRM engloba o que parece simples em sala de aula e foge ao automatismo do nosso dia a dia:
- Comunicação;
- Assertividade;
- Consciência Situacional;
- Liderança;
- Manutenção de equipe;
- Modelo TEM (gerenciamento de erros e ameaças);
- Cultura;
- Consciência Situacional;
- Resiliência;
- Fadiga, entre outros.
Os pilares em si parecem simples; difícil mesmo é mostrar que ao terceirizar culpas ou mesmo falhas, deixamos de evoluir. Nem tudo é culpa do outro, mas nosso cérebro preguiçoso se protege sempre de mudanças, e é aí que mora o perigo. Nos tornamos resistentes às críticas e deixamos de aprender com ótimas observações. Deixamos de falar porque desaprendemos a ouvir. “As pessoas não estão interessadas nas nossas opiniões. Estão interessadas na opinião delas saindo da nossa boca”.
O CRM surgiu na década de 80 para combater o grande mal desse grupo de profissionais: “Ego e vaidade”. Não que ainda não encontremos pessoas que teimam em manter esse pensamento tão primitivo, melhor pensamento que não cabe mais nos dias de hoje, mas garantidamente temos encontrado um número de profissionais que têm dificuldade para entender o simples: se o avião foi projetado para ter 2 pessoas no cockpit, precisa de 2 pessoas no cockpit; um depende do outro, caso contrário, o possuidor do famoso “ego vaidoso” estará incluso no óbito, então o problema da vaidade inclui a burrice. O piloto depende do abastecedor, o mecânico precisa do setor que fornece as peças, o piloto, mecânico, o almoxarifado e abastecedor dependem das vendas do voo; enfim, uma cadeia de humanos interagindo na sua plenitude e complexidade. Pense em um desafio que não permite falhas.
O CRM é, para mim claro, o curso mais importante na formação dos profissionais da aviação. Ele insere responsabilidade em forma de consciência situacional e foca na importância do ser humano, que, segundo os registros, é responsável por 80% dos acidentes aéreos. Bom, só esse dado já me permite perguntar: o que seriam os outros 20% que não têm interferência de nós mortais? Um parafuso mal instalado? Uma falha estrutural? Mesmo aí encontramos os humanos. James Resson, psicólogo e autor da teoria do “queijo suíço”, aumenta em 95% a responsabilidade humana. Assim, eu lanço a reflexão: decolar, pousar, manobrar em situações de risco ou saber reagir a uma pane são conhecimentos técnicos que podem ser adquiridos através de experiências práticas e manuais. E responsabilidade, maturidade, empatia, assertividade, discernimento e o bom convívio, como se adquire? Além de todo o conhecimento técnico, quando alguém pensa em um “profissional CRM”, deve-se incluir também a sabedoria, porque conhecimento é saber que tomate é uma fruta, sabedoria é saber que, apesar de não ser uma fruta, não vai na salada de fruta. Simples assim, mas não tão simples assim. Técnica e capacidade humana para discernir comportamentos adequados dos inadequados é e sempre será o divisor de águas entre o bom e o mau profissional. Seu currículo pode te colocar na empresa, mas o seu comportamento pode demiti-lo.[/vc_column_text][/vc_column][/vc_row]
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